Havia um pedinte cego mas alentado,
e um outro seu colega de profissão,
sem pernas,arrastando-se p'lo chão,
que era magriço,mas finório atilado.
Ao cego,o manco disse um dia:
-Vamos à Praia,há lá muita gente,
vou às tuas cavalitas,sou bom guia,
e mais esmola teremos certamente.
O cego achou que seria vantajoso,
e às cavalitas colocou o aleijado,
e na Praia,o cego pergunta curioso,
se há môças de biquini minguado.
Como é que sabes?Diz o perneta.
-É que sinto na nuca uma pressão,
diz o cego sorrindo com resignação,
por não poder ver a feminil silhueta.
Diz alguém com liberal pensar,
que é tudo um caso de livre opção,
pois o pedinte podia sem mais razão,
recorrer ao suicídio p'ra se libertar.
Uns outros,com iniciativa teatral,
fazem de estátua ou palhaçada,
e a turba passante entusiasmada,
atira a moeda com atitude liberal.
Também os há com muita piléria,
que,com vigarice sublimada,
levam à certa muita gente honrada,
que julga ver nêles,uma pessoa séria.
Há também outros inconformados,
que,com táctica de militar Academia,
Bancos assaltam,em pleno dia,
e a Polícia enfrentam,bem armados.
Talvez se considerem até Empresários
que no manejo das armas,são mestres,
e que sempre estão aptos e prestes,
a servir o Capital como mercenários.
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