domingo, 22 de agosto de 2010

RECORDANDO (Ano2006)

Minha terra,no Algarve,é uma Freguesia,
de gente camponesa e muito crente,
mas deu à Rèpública o actual Presidente,
que contenta a reaccionária Burguesia.

Meus pais,tinham a pobreza como dote,
minha avó e minha mãe devotas do Rosário,
conseguiram colocar-me no Seminário,
esperando que um dia eu fôsse Sacerdote.

A Cavaco Silva,outro tanto não sucedeu,
pois o pai dêle,um exímio negociante,
conseguiu fazer dêle um estudante,
que tirou em Faro,o Curso do Liceu.

Depois como era muito inteligente,
e como o pai tinha capacidade financeira,
Cavaco conseguiu uma brilhante carreira,
e hoje é da Rèpública,o Presidente.

Nêsse ano éramos três seminaristas,
e estávamos com férias de verão,
e nenhum de nós tomou a comunhão,
o que certamente dava nas vistas.

Nas primeiras sextas feiras de cada mês,
uma dúzia de beatas já velhotas,
salmodeavam as suas orações devotas,
e recebiam a comunhão,por sua vez.

Numa daquelas primeiras Sextas,
só as velhotas salmodeavam a oração,
e o Prior Vaz com a hóstia na mão,
entre dentes,diz p'ra nós:-Cantem bestas!

Eu teria os meus catorze anos de idade,
os outros dois eram homens já feitos,
e contra todos os sagrados preceitos,
o Prior Vaz soltou aquela obscenidade.

No momento mais solene.êste Prior,
solta assim uma enorme obscenidade,
o que só demonstra que na verdade,
êle não respeitava a Casa do Senhor.

Só com os meus vinte anos de idade,
é que Tomaz da Fonseca me converteu,
e vi que o Padre tem moral de fariseu,
e que toda a Religião é uma falsidade.

Boliqueime,onde domina o Catolicismo,
sempre foi uma terra de emigrantes,
que procuravam em terras distantes
o que lhe era negado pelo Salazarismo.

Aqui teve lugar o meu nascimento,
é uma Freguesia do Concelho de Loulé,
tem a turística Vilamoura bem ao pé,
e considera Cavaco Silva,um portento.

É uma terra de gente camponesa,
mas agora com o moderno Turismo,
e contaminada pelo cavaquismo,
é ainda mais conservadora e burguesa.

Quer o Bôloqueime ou não,
quer ande mouro na costa,
por uma ou outra razão,
quem de poesia não gosta?!

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